EM MEMÓRIA
DOS ANTEPASSADOS DE GONDAR
Num jazigo
que se encontra no cemitério de Gondar pode ler-se: “Aqui jazem os restos mortais das gerações passadas desta terra que
durante sete séculos se haviam sepultado no antigo mosteiro. Estas ossadas
foram trazidas e encerradas aqui no dia 20 de Março de 1932. Paz às suas almas.
Uma prece... leitor... vê que me pertences ainda.”
Jazigo (Cemitério de Gondar - Amarante) |
Acontece que, até ao séc. XIX, era costume sepultar os defuntos nas igrejas (no adro e até no seu interior). Gondar não era excepção e fazia-o no adro da Igreja do Mosteiro. Na Idade Média, o seu interior terá sido também o panteão dos Gundares e das madres superiores do mosteiro, como se deduz dos túmulos aí encontrados.
Por razões
de saúde pública, um decreto de 1835, mandou que se construíssem cemitérios
públicos em todo o país e que estes se deveriam situar fora dos limites das
povoações. Poucas foram as terras que, por escassez de recursos, cumpriram esta
deterninação. Porém, um novo decreto do Governo de Costa Cabral, conhecido como
“Lei da Saúde Pública” e publicado em 28 de Setembro de 1844, proibiu os enterros
nas igrejas (no adro e no seu interior). Assim, por todo o país foram
construídos cemitério públicos, em campo aberto e afastados das povoações.
Jazigo (Cemitério de Gondar - Amarante) |
Em Gondar, o primeiro enterramento no cemitério público data de 10 de Maio de 1885. Trata-se de Maria Rita do lugar das Chãnzinhas, de 56 anos de idade, casada com António Guedes e mãe de 7 filhos. Era, ao tempo, Reitor de Gondar o P.e Luís António Teixeira.
Mais tarde, sendo
pároco de Gondar o P.e Gastão da Costa e Sousa, foi construído um jazigo ao
fundo do cemitério e, em 20 de Março de 1932, foram para lá transladadas as
ossadas recolhidas no adro da igreja do Mosteiro.
Assim,
podemos afirmar que nesta campa repousa algo que é comum a todos os gondarenses: a
memória dos nossos antepassados.
Miguel
Moreira (texto e fotografia)
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