O CALVÁRIO DE VILELA
Calvário era o nome da
colina onde Jesus Cristo foi crucificado. Até lá chegar, carregando a
sua própria cruz, Cristo teve de percorrer um íngreme e longo caminho que ficou
conhecido como “via crucis” ou “via sacra”. Segundo a prática católica este
percurso é constituído por catorze “passos” ou “estações” que recordam os
momentos mais marcantes desse caminho.
A Igreja Católica, no sentido de reviver
os passos da Paixão de Cristo, construiu, sobretudo no norte de Portugal,
monumentos que tentam imitar o Calvário e a “via crucis”. Na semana Santa ou em
momentos de grande aflição, os fiéis percorrem este percurso, parando nas
diversas estações onde refletem sobre os vários “passos” do sofrimento de
Cristo. É o caso do Calvário de Vilela.
Calvário de Vilela - Gondar |
Na maior parte dos casos,
estes monumentos eram construídos na encosta de uma colina, ao longo da qual,
espaçadas de forma regular, eram colocadas catorze cruzes, tantas quantas as
estações da Paixão de Cristo. Na última estação ou, em alguns casos, na 12.ª - "Jesus é morto na cruz", eram colocadas
três cruzes: a de Cristo, ao centro, ladeada pelas do bom e do mau ladrões.
Capela de S. João Batista (Vilela - Gondar) |
No
caso de Vilela, julga-se que a Via Sacra se iniciava no cruzeiro que se
encontra adossado à capela de S. João Batista, pertença da Casa da Barroca, e
terminava no Monte do Calvário, designação que o local ainda mantém. De toda a
construção apenas restam as cruzes da Capela e a do Calvário e algumas bases nas quais
eram apoiadas as cruzes. As restantes terão sido pilhadas por particulares, desconhecendo-se o seu paradeiro.
Quanto à sua datação, esta não se torna fácil
devido à forma tosca e atípica da cruz do Calvário que não nos permite
situá-la numa época determinada. No entanto, porque estas construções e as
cerimónias da Via Sacra eram da responsabilidade da “Confraria do Senhor dos
Passos” e esta já existia em Gondar, em 1758, conforme nos é relatado nas
“Memórias Paroquiais”, isto leva-nos a situar esta construção na segunda metade
do século XVIII ou no século XIX.
Seria bom que o pouco que nos resta deste Património religioso e histórico-cultural fosse devidamente cuidado e acautelado.
Seria bom que o pouco que nos resta deste Património religioso e histórico-cultural fosse devidamente cuidado e acautelado.
Miguel Moreira
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