Uma provisão da Mitra Arquiepiscopal
de Braga, existente no Arquivo Distrital de Braga e datada de 8/1/1788, “para
se benzer a Capela da Senhora das Dores, da freguesia de Santa Maria de Gondar,
no lugar do Rio, da dita freguesia”(1) e uma outra provisão “para
se colocar confessionário na capela de Nossa Senhora das Dores, freguesia de
Gondar, a favor do Padre António José Pereira de Carvalho, do lugar do Rio, da
dita freguesia, da comarca de Vila Real”, em 27/12/1787,(2) são documentos
bem esclarecedores sobre as datas e a pessoa que mandou construir a capela de
Nossa Senhora das Dores, no lugar de Vila Seca.
Porém, já com data de 3/7/1785,
existe no Arquivo Distrital de Braga um documento da Mitra Arquiepiscopal de
uma “Sentença cível de justificação de património da capela de Nossa Senhora
das Dores, a favor do Padre António José Pereira de Carvalho, da freguesia de
Santa Maria de Gondar.”(3) Assim, podemos concluir, a partir dos documentos
referidos, que a capela já estaria pronta em 1785 e apenas foi benzida em 1788.
Capela de N.ª S.ª das Dores, Vila Seca - Gondar
Nascido no lugar do Rio a 11 de Janeiro de 1742, o Padre António José Pereira de Carvalho era filho de José Fernandes Carvalho e de Ana Pereira Abreu e teve como padrinhos de batismo João Brochado e sua irmã Maria, filhos de Francisco Brochado e Brizida Pereira da Casa da Barroca em Vilela. Foi ordenado padre em 1773 (4) e faleceu, no lugar das Moutas, a 8 de Janeiro de 1812.
Também, datado de 1789, existe no
Arquivo Distrital de Braga uma “Demissoria a favor do Padre António José
Pereira de Carvalho… por tempo de três anos”(5).
Em 1826, a propriedade na qual a
capela se insere, é adquirida pela Casa de Pascoaes. Portanto, 14 anos após a
morte do clérigo que a mandou construir.
Mais tarde, Álvaro Pereira Teixeira
de Vasconcelos, irmão mais novo do poeta Teixeira de Pascoaes, vai viver para a
quinta de Vila Seca que herdou por morte de seu pai, João Pereira Teixeira de
Vasconcelos. Sabemos que Álvaro Pereira realizou grandes obras na casa
principal e, porventura, também na capela, pois as escadas exteriores que dão
acesso ao coro alto não parecem fazer parte da construção original.
A capela, também conhecida por “capela do Encontro”, encontra-se erigida a uma boa centena de metros da casa principal, voltada para o vale do rio Carneiro e com uma soberba paisagem a seus pés. Defronte e lá bem no alto, avista-se a capela de uma outra “senhora”: Nossa Senhora do Castelo, em Carvalho de Rei.
De construção muito simples, a capela
ostenta no retábulo do seu único altar uma expressiva imagem de Nossa Senhora
das Dores com sete espadas apontadas ao coração, lembrando as sete dores
sofridas pela mãe de Cristo: a profecia de Simeão; a fuga da sagrada família
para o Egipto; o desaparecimento do menino Jesus; o encontro de Maria e Jesus a
caminho do Calvário; Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na cruz;
Maria recebendo o corpo do filho retirado da cruz; e Maria a observar o filho a
ser sepultado no Santo Sepulcro.
Mais uma capela de Gondar a merecer
uma visita, até porque se encontra lado a lado com o Museu Rural do Marão que
reúne um bom número de utensílios e artefactos, memórias das atividades
agrícola e artesanal das comunidades locais.
Registos de Batismo e de Óbito do Padre António José Pereira de Carvalho
(4)- Segundo uma “Inquirição de genere” da Mitra Arquiepiscopal de Braga, no ano de 1773. As “inquirições de genere” eram processos necessários para a ordenação dos párocos e consistiam na inquirição de testemunhas para comprovar a filiação e provar a condição de "cristão velho".