A MINHA ALEGRE CASINHA
Quem não se recorda da canção dos
“Xutos” ?
“As saudades que eu já tinha
Da minha alegre casinha
Tão modesta quanto eu.
Da minha alegre casinha
Tão modesta quanto eu.
Meu deus como é bom morar
Modesto primeiro andar
A contar vindo do céu”.
Modesto primeiro andar
A contar vindo do céu”.
- Boa tarde, posso fotografar a
sua varanda? Pergunto eu.
- Então não pode! Respondeu,
prontamente e com um sorriso, o sr. Artur.
Casa rural (lugar das Chedas - Gondar) |
Sempre que por ali passava, reparava na varanda e, pela sua beleza e rusticidade, apetecia-me fotografá-la. Desta vez, o seu inquilino encontrava-se debruçado sobre a rua.
- Suba, disse-me ele.
Notei que precisava de companhia
e eu, sem hesitar, subi.
- Como se chama?
- Artur. Não viu o meu nome na
porta?
Estivemos ali, a cavaquear, cerca
de uma hora. Uma conversa como há muito não tinha: com um homem simples, causticado
pela vida, com tantas histórias para contar. Um homem agradecido: agradecido à
JFG que lhe fez as obras na casa; ao “Bem Estar” que lhe fornece, diariamente,
as refeições; aos amigos que lhe vão dando alguns bens de que já não necessitam
(até um micro-ondas que ele não sabe bem para que serve e como funciona!).
Disse-me que, no dia seguinte, ia
ao “Bem Estar” cortar o cabelo e fazer a barba. Também ia tomar o seu banho quente. O prof. Toninho, por
quem nutre uma incomensurável admiração, tinha-lhe dito que tinha de ir.
Prometi continuarmos a conversa.
Assim o farei.
Há dias em que a vida tem mais
encanto! Este foi um deles.
Miguel Moreira
Soube que o sr Artur já faleceu. A prometida 2.ª visita não se chegou a realizar. Paz à sua alma.
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