AS FEIRAS DE OVELHINHA
Sabia que
Ovelhinha já teve feira?
Sim, é
verdade. Em Ovelhinha, segundo um documento de 1758, realizava-se uma feira franca anual nos dias 17 dos meses
de Setembro, Novembro e Janeiro e outra, a 15 de Janeiro, dia de Santo Amaro. Mais tarde, esta feira passou a realizar-se mensalmente.
Largo e Capela de Santo Amaro de Ovelhinha (Gondar) |
Reza, assim,
o documento:
“Tem esta Freguesia três feiras no anno, aos
dezassete de Novembro, de Setembro e Janeiro, que só consta de javalis mansos e
algumas cousas comestíveis, e outra do mesmo no dia do senhor Santo Amaro, a
quinze de Janeiro, e todas francas.”
Eram, pois, feiras
francas, isto é, não se cobravam aos comerciantes quaisquer taxas ou impostos,
e, como se refere no documento, destinavam-se à venda de “javalis mansos”
(suínos) e algumas “cousas comestíveis”. O local da feira seria o recinto de
Santo Amaro.
Ovelhinha era, à época, um dos lugares maiores da freguesia e, com bons acessos, gozava de uma localização central no contexto da freguesia. Para além disso, a capela de Santo Amaro complementava
a Igreja do Mosteiro na vida litúrgica da paróquia.
Ovelhinha (Gondar - Amarante) |
Lugar de Ovelhinha (Gondar) |
A feira do Cavalinho, à data, ainda não tinha sido criada, caso contrário seria referida neste documento. Embora desconhecendo a data da sua fundação, sabemos que ela é posterior à construção da “estrada pombalina”, que liga Amarante a Mesão Frio, e a sua importância na região está associada a esta ligação rodoviária.
Sabemos
também que, no reinado de D. Maria II (1834-53), a feira do Cavalinho, que se
realizava a 12 de cada mês, correu o risco de ser transferida para a vila de
Amarante, devido à realização da feira de Ovelhinha, a 17 de cada mês. Porém, a
reação da população foi tal que fez com que fosse a feira de Ovelhinha a ser
transferida para Amarante e, em compensação, a feira do Cavalinho passasse a
realizar-se duas vezes por mês, a 12 e a 28.
Com esta
transferência para Amarante, em meados do séc. XIX, a feira de Ovelhinha foi definitivamente extinta e a do Cavalinho, a 12 e 28 de cada mês, tornou-se numa das mais concorridas da região e manteve-se pujante quase até aos nossos dias.
Miguel Moreira (texto e fotografia)
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