GONDAR
ROMANO
vias, povoados e outros achados
Embora a afirmação de Gondar se evidencie de forma mais
sustentável após a fundação do seu mosteiro, no séc. XII, a sua ocupação e
povoamento é muito anterior. A sua localização geográfica, nos vales férteis dos
rios Ovelha e Carneiro, e outras ribeiras que neles desaguam, potenciava o
desenvolvimento de atividades agrícolas e a fixação de pessoas.
Neste processo, as vias e caminhos desempenhavam papel
fundamental, facilitando a circulação de pessoas e bens.
Mapa (provável) das vias e caminhos romanos em Gondar
Embora o Itinerário de Antonino não faça referência a estradas
romanas na região, existem fortes indícios da sua existência. Uma dessas vias
ligava a cidade romana de Tongobriga (Freixo-Marco de Canavezes) ao santuário rupestre
de Panóias (Constantim-Vila Real). Seguindo as margens do rio Ovelha, que
atravessava, na Aliviada, pela “ponte do Arco”, esta via chegava à Lomba e descia
a Padronelo (pensa-se que o topónimo “Padronelo” poderá derivar de “padrão”, um
marco miliário que aí terá existido). Aí bifurcava-se, seguindo uma para a
esquerda indo convergir com a que de Amarante seguia para Panóias, e a outra
para a direita em direcção às minas do Teixo, no Marão, passando por Vilela
(Villa Leça), Vila Seca, Tubirei, Valinhos ( Bustelo), Corba Chã e Murgido.
Eram vias secundárias e, à semelhança de outras reconhecidamente
romanas, eram compostas por troços de terra batida e, nas encostas, por
outros com lajeado simples e irregular. Não encontramos, portanto, aqui vestígios
da tradicional calçada romana.
Muro de suporte da via romana do Marancinho
Destas duas vias, identificamos, claramente, o troço de
Marancinho que conserva um pontão romano ao atravessar a ribeira e uma parte da
via suportada por um robusto muro, devido ao declive do terreno, e algum
lajeado.
A que seguia para as minas do Teixo, por Gondar e Bustelo,
seria em terra batida e, por isso, mais difícil de identificar. No entanto, tendo
em conta os achados arqueológicos nesta zona, pensa-se que seguiria o seguinte
trajeto:
- “VILLA LEÇA” (Vilela): que, aproveitando as boas condições
do solo, poderá ter sido um “vicus” romano. Apareceram aqui restos de cerâmica comum,
atualmente no Museu Nacional de Arqueologia (9).
- PANELEIROS (Vila Seca): provável “habitat romano”. Aqui foram
encontrados, em 1904, um jarro, um potinho, um pote e um prato, cerâmica comum
romana, em depósito no Museu Nacional de Arqueologia. (7).
Localização e espólio da necrópole de Tubirei
- TUBIREI:
trata-se de um castro romanizado, com a respetiva necrópole. O espólio da necrópole
é composto por 74 pregos, que pressupõem um ritual funerário de inumação,
14 mós de moinhos manuais e 24 vasos de cerâmica comum, que se subdividem
em tipologias diversas, nomeadamente bilhas, jarros e pratos (8).
O número de achados nesta zona de Gondar (Paneleiros,
Tubirei e Vilela) e a boa implantação do lugar poderá indiciar a existência de
uma aldeia romana.
- VALINHO (Bustelo): aqui foi recolhido, em 1955, um
conjunto de 74 moedas de broze e um pote, constituindo um tesouro ou um
depósito funerário datável da 2.ª metade do séc. XIV (1).
Daqui, a via seguia para as minas de estanho do Teixo, perto
das quais foram encontrados indícios de um possível acampamento militar romano (“Castra Oresbi”).
Miguel Moreira
Nota: Os números entre parêntesis referem-se à localização,
no mapa, dos respetivos achados.
Fontes:
- DIAS, Lino Tavares, TONGOBRIGA, MONOGRAFIA, IPAR, 1997,
Lisboa.
- CARVALHO, Helena Paula Abreu de, O POVOAMENTO ROMANO NA
FACHADA OCIDENTAL DO CONVENTUS BRACARENSIS, Universidade do Minho, 2008.
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