quarta-feira, 29 de junho de 2016

LARIM

Larim, através da sua ponte quase tetracentenária, é a porta de entrada em Gondar.


Larim (Gondar - Amarante)

Este lugar, outrora designado de Vau (1), começou a crescer sobretudo após a construção da sua ponte, em 1630. Mais tarde, em 1867, o tabuleiro é alargado e a via transformada em “Estrada Real”, ligando as cidades do Porto e Vila Real. Mais recentemente, com a ligação a Mesão Frio e à Régua a partir da A4, Larim viu reforçada a sua estratégica localização na rede viária regional.
Larim possui uma bela praia fluvial, um aprazível parque de merendas, uma piscina (privada), cafés, restaurantes e tabernas. Enfim, tudo o que é necessário para uma visita, em família ou com amigos, que, certamente, registará no seu álbum de memórias.

Ponte de Larim (pormenor)
Descrição da ponte:

Ponte de granito em aparelho isódomo terminado em friso, sobre o qual assenta o tabuleiro horizontal, projetado para o exterior.
Possui quatro arcos de volta perfeita, iguais, com aduelas estreitas e compridas de formato regular. Os arcos são sustentados por pilares, estando os dos extremos assentes nas margens. Os pilares centrais são protegidos por talhamares a montante e por talhantes, superiormente escalonados, a jusante.
Guardas em gradeamento de ferro, apresentando nos encontros quatro pedestais encimados por plinto galbado e elemento ovóide. Um dos pedestais apresenta na face frontal uma inscrição moldurada “OP 1867” (data da adaptação do tabuleiro a estrada real).

Mestre pedreiro: João Lopes de Amorim (1630).

Miguel Moreira
(1)- sítio pouco profundo de um rio, onde se pode atravessar a pé.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

SÃO JOÃO DE VILELA

Vilela e São João são indissociáveis.
Anualmente, numa festa onde o sagrado e o profano se confundem, Vilela recebe o povo de Gondar para festejar este santo popular. 


Capela de São João Baptista

Baile de São João - Vilela (Gondar)

O espaçoso largo, que se estende da capela ao fontanário, é o palco dos festejos: ao lado do tanque, a tradicional “cascatinha de S. João”, não fosse ele o Baptista; defronte, o palco de onde um grupo de música popular anima o baile que se estende noite fora; e, no extremo oposto, o pequeno templo que alberga o santo, onde, no dia 24 de junho, é celebrada missa em sua honra.
A capela que lhe é dedicada, data do séc. XVIII e possui um belo retábulo em talha de madeira dourada e policromada,um apreciável exemplar do barroco joanino. A imagem do santo, também barroca, remonta à mesma época.

Altar de São João Baptista (Capela da Casa da Barroca)

Caminho para Cimo de Vila (Vilela - Gondar)

Mas Vilela não é apenas São João. Com um passado que remonta à romanização, Vilela criou uma identidade muito própria: a capela e a casa senhorial da Barroca, o que resta do antigo Calvário, as casas rústicas exemplarmente restauradas, as reminiscências de uma próspera comunidade agrícola, os velhos espigueiros empoleirados nos outeiros, fazem de Vilela um lugar apetecível, asseado, bonito de se ver.
Miguel Moreira


sexta-feira, 17 de junho de 2016

"O ARTESÃO"

Eduardo Teixeira Pinto, fotógrafo amarantino, soube, como poucos, registar, com grande realismo, o quotidiano das nossas gentes que nos legou em inúmeras fotografias, algumas delas premiadas nacional e internacionalmente.

"O Artesão" (fotografia de Eduardo Teixeira Pinto)
“O Artesão”- a foto que aqui apresentamos - retrata, muito provavelmente, um oleiro de Gondar na sua árdua tarefa de moldar o barro.

Aqui fica a nossa homenagem ao mestre Eduardo e a todos os oleiros que, no passado e no presente, contribuíram para que o nome de Gondar fosse conhecido aquém e além fronteiras.



Eduardo Teixeira Pinto
Eduardo Teixeira Pinto nasceu na freguesia de S. Gonçalo, Amarante, em 1933.
Filho de fotógrafo, começou a tirar as suas primeiras fotografias profissionais em 1950, tornando-se expositor desde 1953 em vários salões de fotografia, nos cinco continentes.
Foi membro ativo de diversas comunidades de fotógrafos, nomeadamente “Associação Fotográfica do Porto”, “Grupo Câmara” (Coimbra) e da Associação Fotográfica do Sul (Évora).
Falecido em 2009, Eduardo Teixeira Pinto deixou-nos um espólio fotográfico de valor incalculável de que faz também parte uma vasta coleção de máquinas fotográficas.
Miguel Moreira

sexta-feira, 10 de junho de 2016


NOSSA SENHORA DO CARMO DE OVELHINHA

Desconhecida de muitos, a capela de Nossa Senhora do Carmo, em Ovelhinha, é uma pequena jóia do património artístico e cultural de Gondar.


Retábulo da Capela da S.ª do Carmo (Ovelhinha - Gondar)

De estilo barroco, o seu retábulo, em talha de madeira dourada e policromada, impressiona pela sua exuberante decoração baseada principalmente em parras e folhas de acanto que, espalhando-se e cobrindo todo o conjunto, se misturam, em perfeita harmonia, com grande quantidade de anjos, aves (fénices) e meninos alegóricos (“putti”). De cada lado, duas colunas torsas profusamente decoradas, com capitéis coríntios, suportam o entablamento que serve de apoio a dois arcos concêntricos que rematam o conjunto. 


Nossa Senhora do Carmo (Ovelhinha - Gondar)

No centro, um nicho alberga a imagem de Nossa Senhora do Carmo, também ela de estilo barroco.
Dois anjos tocheiros delimitam o corpo da capela e o espaço do altar. E, do lado do Evangelho, um púlpito, com uma expressiva decoração com flores de acanto, completa o cenário.
De salientar o equilíbrio e a harmonia de todo o conjunto, quer na decoração quer na forma, que julgamos poder datar-se da 1.ª metade do século XVIII.

Nossa Senhora do Carmo:


Nossa Senhora do Carmo tem origem no séc. XII, quando um grupo de eremitas se fixou no Monte Carmelo, na Palestina, iniciando um estilo de vida simples e pobre, seguindo o exemplo de Cristo. Ali construiram uma capela em honra de Nossa Senhora.
Tempos depois, os Carmelitas mudaram-se para a Europa, tendo passado por grandes dificuldades e perseguições. Em 16 de Julho de 1251, quando rezava no seu convento de Cambridge, Inglaterra, Simão Stock, superior geral da Ordem, pediu a Nossa Senhora um sinal de proteção. Apareceu-lhe, então, Nossa Senhora, trajando o hábito dos Carmelitas, que lhe ofereceu o escapulário, dizendo: “Recebe, filho amado, este escapulário. Todo o que com ele morrer, não padecerá a perdição no fogo eterno”.

Miguel Moreira (texto)
João Sardoeira (fotografia)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

PONTE DE FUNDO DE RUA (OVELHA DO MARÃO)

A antiga honra de Ovelha integrava a localidade medieval de Santa Maria de Bobadela, depois conhecida como Ovelha do Marão, ou Ovelhinha, hoje constituindo a freguesia de Aboadela. Foi uma das poucas beetrias do reino. Teve foral dado por D. Sancho I, em 1196, e foral novo de D. Manuel, em 1514. Conserva ainda um pelourinho, muito singelo, seguramente posterior à outorga de foral manuelino, ainda que de datação incerta. 



Ponte de Fundo de Rua (Aboadela)
A ponte, de inspiração românica, é sustida por quatro arcos de volta perfeita com dimensões desiguais, sobre os quais corre um tabuleiro ligeiramente levantado acima do arco maior. Os pilares são protegidos a montante por três talha-mares aguçados e a jusante por contrafortes.
A inscrição que se encontra na base do cruzeiro construído à entrada da Ponte, na margem esquerda, e que refere o ano de 1630, remete-nos a sua (re)construção para o século XVII.



Lugar de Rua (Aboadela)
Pelourinho e Cruzeiro de Ovelha do Marão
O pelourinho levanta-se num pequeno largo da freguesia, sobre plataforma de quatro degraus quadrangulares, toscamente aparelhados, que ficam abaixo da cota do caminho empedrado à beira do qual se situam. A coluna é composta por grossa base circular e fuste cilíndrico e liso. Este é rematado por capitel constituído por uma peça tronco-cilíndrica, encimada por ábaco em tabuleiro, formado por três molduras quadradas crescentes. No topo assenta uma pirâmide de secção quadrangular. A singeleza do conjunto não permite datação muito rigorosa, mas é provável que se trate de um pelourinho seiscentista. 

Miguel Moreira (texto e fotos)