sexta-feira, 25 de agosto de 2017

CAPELA DE SANTO ANTÓNIO DA SAÍDA


Em ambiente bucólico e integrada num singular conjunto arquitetónico que inclui uma bonita habitação de cariz senhorial, a capela de Santo António da Saída, passando quase despercebida a quem transita pela estrada municipal que conduz à Igreja do Mosteiro de Gondar, merece-nos uma cuidada visita.

Casa senhorial da Saída (Gondar - Amarante)

Capela de Santo António da Saída (Gondar - Amarante)

Retábulo da capela de Santo António da Saída
Com uma fachada barroca, é, contudo, o retábulo do seu altar que mais nos surpreende. Este, também com decoração barroca sobre um fundo marmoreado em tons de azul e rosa, ostenta no seu nicho central uma bela imagem de Santo António que nos encanta pelo seu olhar, sereno e terno, dirigido ao menino.
 Uma provisão da Mitra Arquiepiscopal de Braga, que se conserva no Arquivo Distrital de Braga, datada de 2 de Março de 1752, “a favor do Padre Gonçalo Nunes Valente, Vigário colado da freguesia de São Martinho de Carvalho de Rei, para edificar uma capela com a invocação de Santo António, no lugar de Saída, da freguesia de Santa Maria de Gondar”, pode ser a chave para a datação da construção desta capela, que se deve ter iniciado nesse mesmo ano de 1752. O Padre Gonçalo Nunes Pereira Valente, filho de João Nunes Pereira, nasceu em Gondar, no lugar de Real, em 1691, foi Vigário colado da Paróquia de Carvalho de Rei entre 1728 e 1760 e faleceu aos três dias de Janeiro de 1762, na sua casa no lugar da Saída.
Também a "Memória Paroquial de Gondar", escrita pelo Padre António Coelho Pedroza, em 20 de março de 1758, referencia esta capela, já construída, nos seguintes termos: "Tem outra (capela) no lugar da Salida com invocaçom do senhor Santo António que mandou eregir o padre Gonçallo Nunes Pereira Valente, vigário de São Martinho de Carvalho de Rei". (ver http://pesquisa.adb.uminho.pt/details?id=1289187&ht=carvalho ).
Com base nestes dois documentos, podemos afirmar, sem margem para dúvidas, que a construção da capela se efetuou entre os anos de 1752 e 1758.


Registo de Óbito do P. Gonçalo Nunes Valente (3/01/1762)

O conjunto arquitetónico, constituído pela habitação, capela e anexos, prima pela sua localização privilegiada sobranceira ao rio Ovelha e pela envolvência de vinhedos primorosamente cuidados que lhe conferem uma atmosfera romântica, reforçada pelo verde das trepadeiras que revestem a quase totalidade das fachadas.

Miguel Moreira (texto e fotografia)

terça-feira, 8 de agosto de 2017

OS “GUNDARES”


Excerto da obra "História Antiga e Moderna da Sempre Leal e Antiquíssima Villa de Amarante", editada em Londres, 1814, pp. 17 e 18:

“... nomearei em primeiro lugar D. Mem de Gundar, em que o Nobiliário do Conde D. Pedro principia o appelido desta família, e faz tronco da dos Mottas, o qual foi natural das Astúrias, veio com o Conde D. Henrique a Portugal, cavalleiro mui bom e honrado, casou com huma domna de Galliza, que havia nome D. Goda.


Nobiliário do Conde D. Pedro (Gundares)

D. Mem foi tronco, de Gundares, e Mottas, fundou o Mosteiro de Gundar de Monjas Bentas, o de Lufrey, e o de Santa Maria Magdalena de Gestaço, sendo a Abbadeça do de Gundar a Prelada de todos trez (...). 


Igreja do Mosteiro de Gondar - Amarante

Igreja Românica de Lufrei - Amarante
Jaz D. Mem de Gundar na Igreja de Tolloens.

Igreja do Mosteiro de Telões - Amarante


... foi sua bis, ou terceira neta D. Lopa, ou Loba Mendes, que fez a torre de Mormelheiro, e chamou na falta de successão seu sobrinho Fernão de Souza do Mogadouro, de quem descendem os Senhores de Gouvea, Condes do Redondo, Marquezes de Borba.

Paço de Dona Loba em Mormilheiro - Padronelo

Paço dos Condes do Redondo 

Senhores daquella torre, commendadores daqueles Mosteiros, de que seus ascendentes forão fundadores, e mais da freguesia de Carvalho de Rey que anda unida a commenda, e de muitas mais propriedades, quintas, e foros nestes Concelhos, e Província, algumas com o nome de Torre, e Paço, como são o da torre antiquíssima de Mormilheiro; do Paço da rua de Gouvea na embocadura da ponte desta villa; do Paço de S. Vicenso em Gestaço; do Solar dos Souzas em S. Fins do Torno, nas margens do rio Souza, &c.” (1)


Miguel Moreira

(1)- P. F. de A. C. de M., “HISTÓRIA ANTIGA E MODERNA DA SEMPRE LEAL E ANTIQUÍSSIMA VILLA DE AMARANTE”, Londres, 1814, pp. 17 e 18.