sexta-feira, 19 de março de 2021

Mem Gundar Jaz no Mosteiro de Telões

 


O “Livro de Linhagens do Conde D. Pedro”, no seu Título LX, dedicado aos Gundares e à sua descendência, diz que “Dom Mem Gundar foi natural das Astúrias e veio com o Conde D. Henrique a Portugal; foi cavaleiro mui bom e mui honrado; jaz em Tolões...”. (1)

Fazendo fé no documento citado, Dom Mem Gundar foi sepultado na igreja do Mosteiro de Telões. Pensa-se que, nos últimos anos de vida, se terá recolhido no mosteiro, onde acabaria por falecer e ficar sepultado. É uma hipótese plausível, considerando o prestígio alcançado por Mem Gundar na região e a antiguidade e importância do mosteiro, para além de ser um mosteiro da ordem de S. Bento, tal como o de Gondar, fundado pelo próprio Mem Gundar.

Também P. F. de A. C. de M, em 1814, na sua "História Antiga e Moderna da Sempre Leal e Antiquíssima Villa de Amarante", diz que "jaz D. Mem de Gundar na Igreja de Tolloens, freguezia que confina com esta villa, e que era então Mosteiro de Monges Bentos". (2)

Porém, da sua sepultura não restam quaisquer vestígios. É que, segundo Craesbeeck, “dentro da igreja se não achão hoje sepulturas antiguas, por se tirarem as que havião e se lagear de novo, para serem sepulturas comuas a todos: esta disposição fez perder a memória de muitas antiguidades, que por ellas se conhecião...” (3)

Das antigas sepulturas resta uma que foi aproveitada no lageamento da galilé, mas que, não mostrando qualquer inscrição, daí se não possa deduzir que seja da pessoa em causa.



Igreja do Mosteiro de Telões - Amarante

Já da antiguidade do mosteiro não restam dúvidas pois “foi esta igreja, em seo princípio, fundada por Rodrigo Forjas, que nella edifficou hum mosteiro de religiosos do Patriarcha São Bento, pondo-lhe por primeiro abbade a D. Gusmão Paes, no anno de 887, reinando D. Affonso Magno, como se diz na Benedictina Lusitana; e por espaço de 163 annos, florescerão nelle os relligiosos na observancia da Sancta Regra, the que, no anno de 1050, sinco irmãos descendentes do Instituidor se levantarão com o mosteiro, disendo serem padroeiros e venderão o dito padroado a D. Egas Gomes de Sousa, senhor de Filgeiras e da Terra de Sousa ...”. (4)

(1)- Portugaliae Monumenta Histórica, “Livro de Linhagens do Conde D. Pedro”, ed. crítica de José Mattoso, Vol. II/1, Academia das Ciências de Lisboa, Lisboa, 1980.

(2)- P. F. de A. C. de M., "História Antiga e Moderna da Sempre Leal e Antiquíssima Villa de Amarante", Londres, 1814, pág. 17-18.

(3)- Craesbeeck, Francisco Xavier da Serra, Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, edições Carvalhos de Basto, pág. 332.

(4)- Ibidem, Craesbeeck..., pág. 331.

Miguel Moreira