quarta-feira, 14 de julho de 2021

Doutor António Fernandes da Fonseca

 

NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO

 

Nascido em Gondar, a 4 de Agosto de 1921, António Fernandes da Fonseca, reputado professor catedrático e figura maior da psiquiatria e saúde mental em Portugal, completaria este ano cem anos de vida.

No centenário do seu nascimento, Sentir Gondar presta-lhe esta singela homenagem, publicando um soneto da sua autoria, escrito em Londres, em 1956, e publicado na Colectânea “Poesias de Amarante” Anos 80 (1). Neste poema, Fernandes da Fonseca extravasa, segundo as suas próprias palavras (2), sentimentos que o ligam ao imaginário da sua infância, vivida em Gondar, sua terra mãe.


MINHA ALDEIA

 

Ó minha aldeia rude, adormecida

À sombra misteriosa dos pinhais,

Que, num sonho de amor, abriste à vida

A alma secular de alguns casais.

 

Na tua encosta amiga, ressequida,

Bebeu minh’alma tardes outonais

E sinto a mágoa triste e dolorida

De qu’rer matar a sede e nunca mais.

 

Eu apar’ci em ti à mesma hora

Em que, milénios antes, uma aurora

Pintou de rubra cor tua paisagem,

 

Instante em que nasci, teu filho-irmão,

Que p’ra sempre incrustou no coração,

Telúrico sentir da tua imagem.

 

(1)- in Poesia de Amarante – Anos 80 / Colectânea, Biblioteca de Autores e Assuntos Amarantinos, 1984.

(2)- A. Fernandes da Fonseca, Encontros com Teixeira de Pascoaes, Edições Universidade Fernando Pessoa, 2002, pág. 61-62.