NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO
Nascido em Gondar, a 4 de Agosto de 1921, António Fernandes da Fonseca, reputado professor catedrático e figura maior da psiquiatria e saúde mental em Portugal, completaria este ano cem anos de vida.
No centenário do
seu nascimento, Sentir Gondar presta-lhe esta singela homenagem, publicando um
soneto da sua autoria, escrito em Londres, em 1956, e publicado na Colectânea “Poesias
de Amarante” Anos 80 (1). Neste poema, Fernandes da Fonseca extravasa,
segundo as suas próprias palavras (2), sentimentos que o ligam ao imaginário da
sua infância, vivida em Gondar, sua terra mãe.
MINHA ALDEIA
Ó minha aldeia rude, adormecida
À sombra misteriosa dos pinhais,
Que, num sonho de amor, abriste à
vida
A alma secular de alguns casais.
Na tua encosta amiga, ressequida,
Bebeu minh’alma tardes outonais
E sinto a mágoa triste e dolorida
De qu’rer matar a sede e nunca
mais.
Eu apar’ci em ti à mesma hora
Em que, milénios antes, uma
aurora
Pintou de rubra cor tua paisagem,
Instante em que nasci, teu
filho-irmão,
Que p’ra sempre incrustou no
coração,
Telúrico sentir da tua imagem.
(1)- in Poesia de Amarante – Anos
80 / Colectânea, Biblioteca de Autores e Assuntos Amarantinos, 1984.
(2)- A. Fernandes da Fonseca, Encontros
com Teixeira de Pascoaes, Edições Universidade Fernando Pessoa, 2002, pág.
61-62.
Sem comentários:
Enviar um comentário