A PONTE DE LARIM
No lugar de Larim, esta ponte, mandada construir por Filipe III, em 1630, veio
solucionar o velho problema da travessia do rio Ovelha, já que, até essa data, essa travessia
era feita por um “vau” – sítio pouco profundo do rio por onde era possível
passar a pé ou a cavalo. Daí a designação, Lugar do Vau, por que era
conhecida a localidade na margem esquerda do rio. Larim era a designação do
lugar na margem direita.
Remonta à romanização uma
via que, a partir da via romana Tongobriga-Panóias, passaria por Larim rumo às minas do Teixo, no Marão. Esta via atravessava Gondar, em
Vila Seca subia a Bustelo e continuava por Corvachã em direcção às minas (1). Estes caminhos mantiveram-se praticamente inalterados, ao longo de toda a Idade Média.
Ponte de Larim em Gondar - Amarante |
Na Idade Moderna assiste-se a um
incremento das ligações a Trás-os-Montes e às Beiras e daí a Castela. Do Covelo
(Arquinho), partiam duas estradas em direcção ao interior: uma para Trás-os-Montes (pela rua da Madalena, Lufrei, Marancinho, Ovelha do Marão e Campeã), e outra para as Beiras.
Esta, pela rua do Cabo, subia Padronelo, atravessava Gondar, subia a Bustelo e, por Carneiro e
Teixeira, dirigia-se ao Douro. Note-se que a estrada pombalina só é construída em
finais do séc. XVIII pela Companhia dos Vinhos do Alto Douro.
É neste contexto de
incremento das comunicações terrestres que Filipe III manda construir, em 1630,
as pontes de Larim e Ovelha do Marão: a de Larim na estrada para o Douro e a
de Ovelha do Marão na estrada para Vila Real.
Assim, a três de Julho de
1630, Filipe III adjudica a obra ao mestre e arquiteto João Lopes de Amorim,
morador na cidade de Guimarães, pelo valor de sete mil e quinhentos cruzados. (2)
Em 1758, na Memória
Paroquial de Gondar, redigida por António Coelho Pedrosa, Reitor de Gondar, a
ponte é descrita nos seguintes termos: “tem nesta freguesia uma ponte que
chamam de Larim, de cantaria, terá de comprido um tiro de mosquete, tem quatro
arcos, da parte superior tem três cortamares com que se defende nas enchentes;
na inferior três baluartes...”. E, no mesmo documento, diz-se: “por esta
freguesia (Gondar) passa uma estrada do nascente ao poente, tão povoada de passageiros
pedestres e equestres que com eles se comunicam não só o nosso Reino, mas
também toda a Castela Velha e nessa com todas as suas Províncias, Reinos e
cidades, mas também a França, a Itália, a Palestina ou Roma” (3). Daqui podemos avaliar a importância desta estrada, tanto no contexto regional como internacional.
Em 1867, aquando da
construção da nova estrada real para Vila Real (EN 15), que vem substituir a velha estrada
por Marancinho e Ovelha do Marão, o tabuleiro da ponte é adaptado às condições
da nova via. Esta data encontra-se inscrita na base dos pedestais NO e SE, de
cada lado da ponte (OP-1867). (4)
Mais recentemente, em
2010, o tabuleiro é novamente alargado para possibilitar o cruzamento de
veículos.
Ponte em granito, com
quatro arcos de volta perfeita, iguais, com aduelas estreitas e compridas de
formato regular, sustentadas por pilares, os dos extremos assentes nas margens.
Os pilares centrais são protegidos por talhamares, a montante, e por talhantes,
superiormente escalonados, a jusante.
Guardas em gradeamento de
ferro assente em cornija, apresentando nos encontros pedestais encimados por
plinto galbado e elemento ovóide. Dois dos pedestais, NO e SE, apresentam na
face frontal inscrição moldurada OP-1867 (data da adaptação do tabuleiro a
estrada real).
Mestre pedreiro: João Lopes de Amorim (da cidade de
Guimarães).
Miguel Moreira
2)- Sousa Viterbo, “Dicionário
Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses”,
3 vol.s, INCM, Abril de 1988.
(4)- https://memgundar.blogspot.com/search/label/EN%2015
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