quarta-feira, 13 de maio de 2020

Ponte de Larim - Gondar

A PONTE DE LARIM


No lugar de Larim, esta ponte, mandada construir por Filipe III, em 1630, veio solucionar o velho problema da travessia do rio Ovelha, já que, até essa data, essa travessia era feita por um “vau” – sítio pouco profundo do rio por onde era possível passar a pé ou a cavalo. Daí a designação, Lugar do Vau, por que era conhecida a localidade na margem esquerda do rio. Larim era a designação do lugar na margem direita.


Ponte de Larim em Gondar - Amarante
Remonta à romanização uma via que, a partir da via romana Tongobriga-Panóias, passaria por Larim rumo às minas do Teixo, no Marão. Esta via atravessava Gondar, em Vila Seca subia a Bustelo e continuava por Corvachã em direcção às minas (1). Estes caminhos mantiveram-se praticamente inalterados, ao longo de toda a Idade Média.
Na Idade Moderna assiste-se a um incremento das ligações a Trás-os-Montes e às Beiras e daí a Castela. Do Covelo (Arquinho), partiam duas estradas em direcção ao interior: uma para Trás-os-Montes (pela rua da Madalena, Lufrei, Marancinho, Ovelha do Marão e Campeã), e outra para as Beiras. Esta, pela rua do Cabo, subia Padronelo, atravessava Gondar, subia a Bustelo e, por Carneiro e Teixeira, dirigia-se ao Douro. Note-se que a estrada pombalina só é construída em finais do séc. XVIII pela Companhia dos Vinhos do Alto Douro.
É neste contexto de incremento das comunicações terrestres que Filipe III manda construir, em 1630, as pontes de Larim e Ovelha do Marão: a de Larim na estrada para o Douro e a de Ovelha do Marão na estrada para Vila Real.
Assim, a três de Julho de 1630, Filipe III adjudica a obra ao mestre e arquiteto João Lopes de Amorim, morador na cidade de Guimarães, pelo valor de sete mil e quinhentos cruzados. (2)
Em 1758, na Memória Paroquial de Gondar, redigida por António Coelho Pedrosa, Reitor de Gondar, a ponte é descrita nos seguintes termos: “tem nesta freguesia uma ponte que chamam de Larim, de cantaria, terá de comprido um tiro de mosquete, tem quatro arcos, da parte superior tem três cortamares com que se defende nas enchentes; na inferior três baluartes...”. E, no mesmo documento, diz-se: “por esta freguesia (Gondar) passa uma estrada do nascente ao poente, tão povoada de passageiros pedestres e equestres que com eles se comunicam não só o nosso Reino, mas também toda a Castela Velha e nessa com todas as suas Províncias, Reinos e cidades, mas também a França, a Itália, a Palestina ou Roma” (3). Daqui podemos avaliar a importância desta estrada, tanto no contexto regional como internacional.
Em 1867, aquando da construção da nova estrada real para Vila Real (EN 15), que vem substituir a velha estrada por Marancinho e Ovelha do Marão, o tabuleiro da ponte é adaptado às condições da nova via. Esta data encontra-se inscrita na base dos pedestais NO e SE, de cada lado da ponte (OP-1867). (4)
Mais recentemente, em 2010, o tabuleiro é novamente alargado para possibilitar o cruzamento de veículos.

Ponte de Larim, em Gondar - Amarante
Descrição da ponte:
Ponte em granito, com quatro arcos de volta perfeita, iguais, com aduelas estreitas e compridas de formato regular, sustentadas por pilares, os dos extremos assentes nas margens. Os pilares centrais são protegidos por talhamares, a montante, e por talhantes, superiormente escalonados, a jusante.
Guardas em gradeamento de ferro assente em cornija, apresentando nos encontros pedestais encimados por plinto galbado e elemento ovóide. Dois dos pedestais, NO e SE, apresentam na face frontal inscrição moldurada OP-1867 (data da adaptação do tabuleiro a estrada real).
Mestre pedreiro: João Lopes de Amorim (da cidade de Guimarães).

Miguel Moreira
2)- Sousa Viterbo, “Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses”, 3 vol.s, INCM, Abril de 1988.
(4)- https://memgundar.blogspot.com/search/label/EN%2015

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