RELAÇÃO
DOS MORTOS, EM GONDAR, NA II INVASÃO FRANCESA
Após vários dias de ocupação da
cidade de Amarante, onde cometeram as maiores atrocidades, as tropas
napoleónicas conseguem transpôr a ponte de S. Gonçalo, a dois de Maio de 1809.
Depois, a fim de garantir uma
possível retirada do exército francês para Espanha através das Beiras, tentam
controlar toda a margem esquerda do Tâmega, nomeadamente a estratégica estrada
pombalina que, pelo Cavalinho, conduzia a Mesão Frio e à Régua. É neste
contexto que as tropas francesas, comandadas pelo sanguinário Loison, conhecido
por “Maneta”, aterrorizam as populações, atacando-as, incendiando as suas casas,
pilhando os seus haveres e matando todos os que se opunham às pilhagens.
Gondar foi das freguesias mais sacrificadas.
Segundo os registos paroquiais da época,
só em Gondar, registam-se 27 óbitos. Os mortos foram tantos que 24 dos defuntos
tiveram de ser sepultados nos campos, pois o cemitério (na Igreja Paroquial do
Mosteiro) não tinha capacidade para todos. Só nos lugares de Ovelhinha e Real,
os mais sacrificados, houve 9 mortos, um terço do total.
Ruínas da II invasão francesa em Ovelhinha - Gondar |
“Termo de declaração dos falecidos
nesta freguezia de Santa Maria de Gondar pella invasão dos Franceses de dois de
Maio do anno de mil oito centos e nove atté sua expulsão.
Aqui se acham sepultados pelos campos
e montes da minha freguezia, mortos pellos franceses.
Freguezes desta freguezia
Lugar
d’Aldea
Manoel Nunes do Soco, sepultado
dentro da Igreja pela piedade de Joaquina Nunes e Manoel Pereira do lugar do
Mosteiro.
Mosteiro
Maria Lourenço, viúva, sepultada
dentro da Igreja pelos mesmos acima.
Domingos de Freitas, sepultado dentro
da Igreja pelos mesmos acima.
Areas
João Teixeira, solteiro, sepultado no
campo.
Manoel José, viúvo, da Sahida,
sepultado no campo.
Quintam
Manoel de Sousa, solteiro, sepultado
no campo.
Manoel José, homem de Izabel Alves,
sepultado no campo.
Vilella
José Caetano, homem de Maria Josefa,
sepultado no campo.
Manoel Alves, viúvo, sepultado no
campo.
Villa
Seca
Manoel Carvalho, homem d’Anna
Monteiro, sepultado no campo.
Maria Vieira, mulher solteira,
sepultada no campo.
Rio
Manoel Ribeiro de Magalhães, viúvo,
sepultado no campo.
José Pereira, solteiro, sepultado no
campo.
José da Motta, homem de Maria Josefa,
sepultado no campo.
Outeirinho
Manoel Luís Leite, solteiro,
sepultado no campo.
Corujeiras
José Pereira, solteiro, sepultado no
campo.
António Luís Leite, homem de Maria
Pereira, sepultado no campo.
Real
Manoel Guedes d’Oliveira, solteiro,
sepultado no campo.
Manoel Taveira, solteiro, sepultado
no campo.
José Taveira Bastardo, homem de Anna
Monteiro, sepultado no campo.
João Pereira, homem d’Anna Pinheiro,
sepultado no campo.
Anna teixeira, mulher de Daniel
Pereira, sepultada no campo.
Ovelhinha
João Pereira Cardoso, homem d’Anna Cardoso,
sepultado no campo.
Pedro Nogueira, homem de Maria
Josefa, sepultado no campo.
Francisco Ribeiro, homem d’Anna
Pinto, sepultado no campo.
Manoel d’Abreu, homem d’Anna Pereira,
sepultado no campo.
Larim
Manoel José e sua mulher Maria Luiza,
ambos sepultados no campo.
E para constar dos falecimentos dos
meos freguezes (...) fiz este Termo aos vinte e sinco dias do mez de Maio do
anno de mil oito centos e nove.
O R.or Manoel Guedes de Carvalho
Uma pesquisa
de Miguel Moreira
para “Mem
Gundar” e "Sentir Gondar"
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