MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE GONDAR
(EM 1726)
(EM 1726)
por F. X. da Serra Craesbeeck (1)
“1- A igreja de Santa Maria de Gundar
foi antiguamente mosteiro de religiosas de São Bento; e, em tempo de El Rei D.
Affonso Henriques, se acha D. Teresa Lourenço, Abbadeça de Gundar, da qual
trata o Conde D. Pedro, e foi filha de Lourenço Mendes de Gundar, de que trata
a “Monarchia Lusitana”, o qual foi filho de Mem de Gundar, capitão do dito
Conde D. Henrique, de quem faz menção, o livro do dito Conde D. Pedro e a
“Monarchia” supra. Este mosteiro se conservou por muitos annos, tendo dous
mosteirinhos subordinados, que eram Santa Maria Magdalena de Covello e São
Salvador de Lufrei, dos quais faz menção a “Beneditina Lusitana”. Durou este
mosteiro por muitos annos, sendo ultimamente Abbadeça delle Ignes Borges, como
se vê hume verba do registo de Braga em tempo do Arcebispo D. Fernando da
Guerra, que por ter faculdade pontifficia para reduzir a igrejas parochiais
alguns mosteiros, apresentaram neste a Pedro Affonso, clérigo de missa, no anno
de 1455. Refere assim a “Beneditina Lusitana”, asima alegada, nestas palavras:
Aos 13 de Abril de 1455, em Lisboa, confirmou o Arcebispo a igreja de
Santa Maria de Gundar da terra de Gestaço a Pedro Affonso, clérigo de missa:
apresentação do dito Arcebispo e sua igreja de Braga; a qual vagou por
morte de Ignes Borges, Dona Abbadeça que foi da dita igreja, sendo mosteiro de
São Bento; e o dito Senhor fez redução della de mosteiro em igreja secular.
2- Hoje he esta igreja reitoria e
comenda da Ordem de Christo, de que he Comendador Thomé de Souza Coutinho, 2º
Conde de Redondo e reitor o Padre Domingos Ferreira da Silva; tem sacrário e
huma capella fillial de Santo Amaro, em o lugar de Ourelinha; nesta igreja se
achão alguns letreiros de que faremos menção; e alguns ouve antiguamente, que
já não existem; como foi hum, que estava no arco da capella-mor, que
antiguamente era muito baixa, e nelle estava huma imagem do Senhor Cruxificado,
São João e Nossa Senhora, nas ilhargas; e por baixo, em roda do dito arco, hum
letreiro gothico, que desia o seguinte:
ESTE CRUZEIRO MANDOU PINTAR O FILHO
DO DUQUE DE BRAGANÇA
Este duque foi D. Jaime, filho de D.
Jaimes, 4º Duque de Bragança que foi comendador desta comenda no anno de 1548,
por cuja ordem e procuração foi então feito tombo della, e por despacho do
Provisor de Braga, o Licenciado Sebastião Gonçalves em tempo do Arcebispo D.
Manuel de Souza.
3- Na capella-mor, estão as seguintes
campas, que são as que só hoje se conservão com letreiros:
1.ª
AQUI. ESTÁ. / SEP(ULTA)DO.
M(ANU)EL, CER/Q(UEI)RA. PRETO
REI/TOR. DESTA. / IGR(EJ)A. COM. SUA. / MAI. M(ARI)A.
CER/Q(UEI)RA. 1620.
2.ª AQUI.
ESTA. S/EPULTADO. / GASPAR. S/ARAIVA. PIN/TO. REITO/R.
4- Na parte de junto ao altar
collectral está pintado São Brás, e por baixo delle este letreiro pintado.
AQUI.
NESTA. SE. DIZE. DUAS. MIS(S)AS. / TODAS. AS. SOMANAS. HU(M)A. PELOS.
BEMFEITORES.
DA IGREJA. E OUTRA. / DE FIDELIUM. DE(FUNCT)US. NAS. SEGUNDAS
F(EIR)AS.
E OUTRA. A / NOSSA. S(ENHOR)A. AS CUAIS. PAGUA. O COMEMDADOR.
(1) in CRAESBEECK, F. X. da Serra, “MEMÓRIAS
RESSUSCITADAS da Província de Entre Douro e Minho No Anno de 1726”, vol. II,
pp. 55-57, Edições Carvalhos de Basto, Ponte de Lima, 1992.
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