sábado, 5 de setembro de 2015

JOALHEIRO RECRIA BARRO PRETO DE GONDAR

A olaria de barro preto de Gondar, cuja origem se perde no tempo e que tinha como principal centro olárico o lugar de Vila Seca (Gondar), tem conquistado, nos últimos tempos, uma nova dimensão – a dimensão artística.


O joalheiro Daniel Oliveira, em colaboração com o artesão César Teixeira, está a criar uma colecção de peças de joalharia, que têm por base a cor e as texturas das peças da olaria de Gondar.
Uma das artes tradicionais mais emblemáticas do concelho de Amarante, a olaria de Gondar com a sua técnica de cozedura e escurecimento do barro – na soenga – constitui o modo mais ancestral, elementar e natural de todos os tipos de cozedura para cerâmica.
Processo de cozedura das peças na soenga
As peças, de formatos e finalidades diversas, são sobretudo panelas, cântaros, púcaros, alguidares, chocolateiras, vinagreiras e outros objetos do quotidiano nas casas portuguesas.O barro utilizado, logo que extraído, é crivado para a gamela e amassado, num ato em tudo semelhante ao amassar do pão. Depois de culdrado, ou seja, depois de lhe serem retiradas as impurezas, é centrado no tampo da roda e modelado. Neste processo, usam-se os fanadoiros, o esquinante e trapos humedecidos com água. À modelação segue-se a decoração, simples, usando-se, geralmente, o “picado” - pequenos pontos feitos por punção, sem orientação pré-definida, com semelhança nas cerâmicas medievais.
Peças de olaria de barro preto de Gondar
Moldadas e decoradas, as peças são postas a secar durante alguns dias e, posteriormente, cozidas na soenga (forno escavado na terra). Esta operação, que demora cerca de 2 horas e meia, compreende 3 momentos distintos: 1º - aquecimento prévio das peças, para que não rachem quando submetidas a altas temperaturas; 2º - cozedura propriamente dita, em que a temperatura sobe até cerca de 900º e a louça fica ao rubro; 3º - abafamento, em que a fogueira é extinta e as peças cobertas com caruma e terra, bem compactada, para que não haja entrada de ar e o fumo penetre na louça dando-lhe a cor negra que lhe é característica.
César Teixeira (artesão)
César Teixeira, o único oleiro da freguesia de Gondar, é também o único artífice conhecido que, em Portugal, produz louça de barro, preta, modelada numa roda baixa e cozida numa soenga.
Joias de barro preto de Daniel Oliveira (joalheiro)
Estão de parabéns César Teixeira (artesão) e Daniel Oliveira (joalheiro) pela iniciativa e Gondar que vê o seu nome e as suas tradições reconhecidas e perpetuadas.
Miguel Moreira

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