Cruzeiro de Gondar
A sua construção foi iniciada em Abril de 1903 e a
inauguração realizou-se em Outubro de 1904. A localização, num extremo da
paróquia, da Igreja do Mosteiro e as suas exíguas dimensões exigiam, desde há
muito, a construção de um novo templo, maior e num local mais central. Aliás,
já desde meados do século XVIII, a Capela de Santo Amaro, em Ovelhinha, era
utilizada para as missas dominicais por ter uma melhor localização.
Segundo consta, o pároco de então, Pe. Manuel Gontão, não
era homem de grande iniciativa, embora fosse ele quem ofereceu o terreno para a
nova Igreja. Na realidade, o grande incentivador e dinamizador do
empreendimento foi o Sr. Joaquim Narciso, da casa do Outeirinho. Foi ele que
contactou as famílias mais abastadas da freguesia e diversas instituições com o
objectivo de angariar os fundos necessários à construção da igreja. Os
donativos e as despesas constam de um livro que o Sr. Arnaldo (herdeiro do Sr.
Narciso) possuía e que, agora, se encontra nos arquivos da paróquia. Em valores
da época, o custo total rondou os mil escudos. Deste montante, a maior parte
veio do Estado, da Junta de Freguesia, das Senhoras da Casa do Ribeiro e das
Confrarias do Santíssimo Sacramento e da Senhora do Rosário. O povo da
freguesia pouco contribuiu, mas parece que esse contributo também não lhe foi
pedido.
Como os recursos eram escassos, foi preciso recorrer a
outras fontes. Assim, da velha Igreja do Mosteiro veio o retábulo em talha
dourada do altar-mor, a valiosa imagem da padroeira, Santa Maria, em pedra de
Ançã, do século XV, e os dois altares colaterais, o do Senhor Crucificado e o
do Senhor dos Passos, cujas imagens já foram substituídas por outras; da Igreja
de São Francisco, no Campo da Feira (Amarante) que estava a ser demolida para a
construção do Quartel de Artilharia, vieram os dois altares laterais e
respectivas imagens, muitas madeiras e as pirâmides e cruzes que encimam a
Igreja.
De referir, também, que, no local, já existia uma capela de
apoio ao cemitério, aliás designada como “Capela do Cemitério”, que foi
aproveitada e corresponde à capela-mor da atual Igreja.
Pena foi que a nova Igreja continuasse a ser acanhada, que do
terreno destinado à igreja fosse cedida uma parte para a ampliação do cemitério
(construção do patamar mais elevado) encurtando, assim, o espaço do adro entre
a igreja e o cemitério, e que a torre sineira ficasse demasiado baixa (a
actual, mais elevada e com relógio, data da década de 60, do século passado).
Do conjunto das instalações paroquiais fazem também parte o
cruzeiro, que data da fundação da Igreja, a residência paroquial, construída em
1937, e o Centro Paroquial, mandado construir pelo pároco de então, Pe. António
Gonçalves Foz, na década de sessenta, do século passado.
João Sardoeira (fotografia)
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