domingo, 11 de abril de 2021

Moinho do Outeirinho - Gondar

 

É de nós sobejamente conhecida a importância que a indústria moageira teve em Gondar. Já, em 1758, a Memória Paroquial de Gondar, descrita pelo P.e António Coelho Pedroza, referia que Gondar tinha "vários moinhos alveiros (de trigo) e broeiros (de milho). (1)

Aproveitando os recursos hídricos que lhe eram oferecidos pelos rios Ovelha e Carneiro que, nascendo nas encostas do Marão e com caudais generosos, atravessam a freguesia, construíram-se nas suas margens mais de uma dezena de moinhos, uns para uso privado, outros para fins industriais. Os do Salto, os das Sumidas, da Saída e os do Tojal, no rio Ovelha, e os do Outeirinho e da Ovelhinha, no rio Carneiro, contam-se entre os mais importantes.


Moinho do Outeirinho - Gondar


Com um passado de mais de duzentos anos, o do Outeirinho, no rio Carneiro, é, sem dúvida, dos mais antigos da freguesia.

Um documento de 1830, “Livro de Registo dos Fogos e Moradores no Distrito da 2.ª Companhia das Ordenanças de Gestaço”, já nos dá conta de um moleiro no lugar do Outeirinho. Já o “Recenseamento dos Mancebos para o Recrutamento Militar”,  entre 1870 e 1880, regista dois moleiros do mesmo lugar. E em 1882, no “Recenseamento Eleitoral do Concelho de Amarante”, na distribuição de famílias por profissão, há o registo de um moleiro no lugar do Outeirinho, bem como, dois lavradores, um oleiro, um pedreiro, dois proprietários e um cantoneiro.

Propriedade do sr. Arnaldo Pereira Nogueira, por herança de Madalena Pereira da Costa, em meados do século passado, os moinhos do Outeirinho foram explorados, durante mais de trinta anos, pelo sr. Alfredo Nogueira, o “ti Alfredo do Moinho”, até à década de sessenta do século passado. Com duas mós, uma para milho e outra para trigo, os moinhos foram o sustento da sua família, com os seus dois filhos. Porém, com os filhos a seguirem outras profissões, os moinhos ficaram abandonados, até porque a indústria da moagem, feita por moinhos de rodízio, deixou de ser rentável, não conseguindo competir com os novos moinhos movidos a electricidade, mais produtivos e necessitando de menos mão de obra.

Recentemente, o seu atual proprietário, Miguel Moreira, procedeu a obras de reparação das coberturas,  consolidação das paredes e colocação de novas portadas, conservando, todavia, as estruturas originais e a maior parte das peças indispensáveis ao funcionamento do moinho.


Moinho do Outeirinho - Gondar


De referir que o moinho pode ser visitado por quem o desejar fazer, bastando, para o efeito, contactar os seus proprietários. Também, e porque localizado num aprazível local, à beira rio e com uma pequena praia fluvial, tem servido para convívios familiares e de amigos, como ponto de passagem de percursos pedestres e para outros eventos. Todavia, segundo o seu proprietário, o desejável seria a recuperação total dos moinhos e a sua colocação em funcionamento, proporcionando, assim, visitas de estudo a alunos das escolas e ao público em geral.

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