ALDEIA DE VILA SECA
um pouco da sua história
um pouco da sua história
As origens de Vila Seca remontam, no mínimo, ao período da romanização. A prová-lo estão as descobertas, neste lugar, em 1904, de cerâmica
comum romana, designadamente, um jarro, um potinho, um pote e um prato, em
depósito no Museu Nacional de Arqueologia. Também em Tubirei, uma localidade
muito próxima de Vila Seca, foram descobertos vestígios do que se julga ter
sido uma necrópole romana. Pode, até, tratar-se de um castro romanizado. Aqui foram encontradas, em meados do século XX, bilhas, jarros,
pratos, mós de moinhos manuais, pregos, um colar de ferro e castanhas. Material
depositado no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso (1).
Também sabemos que muito
próximo do local passava uma via romana que, bifurcando-se da via de
Marancinho, seguia por Vilela, Vila Seca e Corvachã em direcção às minas
romanas do Teixo.
Considerando o que
acabamos de dizer, há mesmo quem ponha a hipótese de Vila Seca, aproveitando as
condições do vale drenado pelo rio Fornelo, ter sido um vicus ou até uma
villa romana (2).
Escrever sobre Vila Seca
sem referir a sua maior referência - a olaria – seria algo impensável. Não
fosse essa a razão do nome pelo qual foi conhecida a aldeia durante largos anos
– lugar de Paneleiros!
Vila Seca, Gondar - Amarante |
Manuel Teixeira (oleiro) |
Unidos na defesa da sua aldeia e unidos,
tantas vezes, pelos casamentos entre famílias de oleiros, estes homens e
mulheres também souberam estar unidos na luta contra as investidas que, em
1809, as tropas do exército napoleónico faziam contra as populações, durante a
II Invasão Francesa. Os “Paneleiros”, como eram designados, são por diversas
vezes elogiados pela sua bravura e valentia. Um autor da época refere-se-lhes
como os “esforçados Paneleiros” quando em Mesão Frio se apoderaram de “quatro
caixões de pinho, dous baús de couro e duas malas”, pertences do
general Loison (4).
Capela de Nossa Senhora das Dores - Vila Seca |
Museu Rural do Marão - Vila Seca (Gondar) |
Também no ensino Vila
Seca merece destaque: na década de cinquenta começa a funcionar, com duas
salas, a escola primária de Vila Seca. Encerrada, recentemente, para as atividades
lectivas, foi-lhe atribuída uma nova missão: perpetuar a arte de modelar o
barro preto de Gondar.
UDCG em visita de estudo com alunos das escolas |
Em jeito de conclusão,
podemos afirmar que Vila Seca, pelo seu passado, pelo seu contributo na
afirmação de Gondar, tem lugar merecido no podium dos lugares mais
importantes da freguesia.
(1)- MOREIRA, Miguel, “Necrópole
Romana de Tubirei”, Sentir Gondar, blogue, 2019.
(2)- DIAS, Lino Tavares, "Tongobriga",
Monografia, Ipar, 1997, Lisboa.
(3)- VAZ, Hugo Miguel
Soares da Costa, “Barro Preto de Gondar: o design na olaria tradicional”,
tese de Mestrado, Instituto Politécnico do Porto, 1918, pg. 49.
(4)- P. F. de A. C. de
M., “História Antiga e Moderna da Sempre Leal e Antiquíssima Villa de
Amarante”, Edição do Autor, 1814, pg. 89.
Miguel Moreira
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