quarta-feira, 3 de julho de 2019


PADRONELO NO "ARCHIVO HISTORICO DE PORTUGAL" (1890)


Em Setembro de 1889 iniciava-se a publicação do “Archivo Historico” - Narrativa da fundação das cidades e villas do Reino, seus brazões d’armas, etc, obra que, segundo os seus promotores, seria “útil a todos os cidadãos que desejem avaliar as glórias do payz e apreciar as causas do seu engrandecimento e decadência; que por ella ficam sabendo desde quando existe cada concelho, as tradições que os acompanham, as origens dos nominativos que as distinguem, e outros factos curiosos e interessantes, como batalhas dadas nessas localidades, monumentos, etc.”
Com destaque para Dona Loba Mendes e para a fábrica de Lanifícios Garcia Ribeiro & C.ª, a freguesia de Padronelo mereceu nessa obra um honroso lugar.
É, precisamente, a parte do documento respeitante a Padronelo, publicado em Janeiro de 1890, no n.º 25, 1.ª Série do “Archivo Histórico, que, hoje, vamos transcrever para os nossos leitores:

“Padornêllo” ou “Pedornêllo” – É povoação rica, fertil e bonita, situada nas margens do rio Mendo, e que em grande parte deve a sua prosperidade à excellente fáfrica de lanifícios, ali fundada em 1860, e que hoje é uma das principaes d’este género em Portugal.

Fábrica de Lanificios de Padronelo - Amarante (cerca de 1910 - 1920)

Existe ali uma torre, a qual, segundo consta, foi residencia de D. Loba Mendes, filha de Mem de Gondar, e mulher de Diogo Bravo, de Riba-Minho. Esta senhora era muito rica e carinhosa, e deixou certas rendas e propriedades ao convento de S. Gonçalo de Amarante, com a obrigação de darem os frades em todos os dias do anno esmolas a todos os pobres que se apresentassem à portaria. Este legado cumpriu-se religiosamente até 1834.
Padornêllo era uma pobre aldeia, cujos habitantes apenas viviam da agricultura e de crearem algum gado. 
Fábrica de Lanifícios Garcia Ribeiro & C.ª - Padronelo (cerca de 1860)

Existiam quasi ignorados quando veio a fundação da fábrica, que principiou a girar sob a firma Garcia Ribeiro & C.ª, conseguindo-se que esta povoação fosse conhecida em todo o reino como uma das principais terras industriaes, em ponto pequeno.
Em 1874, próximo de Padornêllo, cahiu tão enorme porção de chuva que as aguas cavaram a estrada, em alguns sitios, até à profundidade de 20 metros. Foi tão violenta a tempestade, que arrastou para a estrada tão grandes penedos, que, mesmo depois de quebrados a fogo, houve grande difficuldade em remove-los. Suppõe-se ter sido uma tromba marinha que ali foi rebentar.”

In “Archivo Historico de Portugal”. Pág. 101 e 102.
Miguel Moreira

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