PADRONELO NO "ARCHIVO HISTORICO DE PORTUGAL" (1890)
Em Setembro de 1889
iniciava-se a publicação do “Archivo Historico” - Narrativa da fundação das
cidades e villas do Reino, seus brazões d’armas, etc, obra que, segundo os seus
promotores, seria “útil a todos os cidadãos que desejem avaliar
as glórias do payz e apreciar as causas do seu engrandecimento e decadência;
que por ella ficam sabendo desde quando existe cada concelho, as tradições que
os acompanham, as origens dos nominativos que as distinguem, e outros factos
curiosos e interessantes, como batalhas dadas nessas localidades, monumentos,
etc.”
Com destaque para Dona
Loba Mendes e para a fábrica de Lanifícios Garcia Ribeiro & C.ª, a
freguesia de Padronelo mereceu nessa obra um honroso lugar.
É, precisamente, a
parte do documento respeitante a Padronelo, publicado em Janeiro de 1890, no
n.º 25, 1.ª Série do “Archivo Histórico, que, hoje, vamos transcrever para os
nossos leitores:
“Padornêllo” ou “Pedornêllo” – É povoação rica, fertil e bonita, situada
nas margens do rio Mendo, e que em grande parte deve a sua prosperidade à
excellente fáfrica de lanifícios, ali fundada em 1860, e que hoje é uma das
principaes d’este género em Portugal.
Fábrica de Lanificios de Padronelo - Amarante (cerca de 1910 - 1920) |
Existe ali uma torre, a qual, segundo consta, foi residencia de D. Loba Mendes, filha de Mem de Gondar, e mulher de Diogo Bravo, de Riba-Minho. Esta senhora era muito rica e carinhosa, e deixou certas rendas e propriedades ao convento de S. Gonçalo de Amarante, com a obrigação de darem os frades em todos os dias do anno esmolas a todos os pobres que se apresentassem à portaria. Este legado cumpriu-se religiosamente até 1834.
Padornêllo era uma pobre aldeia, cujos habitantes apenas viviam da
agricultura e de crearem algum gado.
Existiam quasi ignorados quando veio a fundação da fábrica, que principiou a girar sob a firma Garcia Ribeiro & C.ª, conseguindo-se que esta povoação fosse conhecida em todo o reino como uma das principais terras industriaes, em ponto pequeno.
Fábrica de Lanifícios Garcia Ribeiro & C.ª - Padronelo (cerca de 1860) |
Existiam quasi ignorados quando veio a fundação da fábrica, que principiou a girar sob a firma Garcia Ribeiro & C.ª, conseguindo-se que esta povoação fosse conhecida em todo o reino como uma das principais terras industriaes, em ponto pequeno.
Em 1874, próximo de Padornêllo, cahiu tão enorme porção de chuva que as
aguas cavaram a estrada, em alguns sitios, até à profundidade de 20 metros. Foi
tão violenta a tempestade, que arrastou para a estrada tão grandes penedos,
que, mesmo depois de quebrados a fogo, houve grande difficuldade em remove-los.
Suppõe-se ter sido uma tromba marinha que ali foi rebentar.”
In “Archivo Historico de Portugal”.
Pág. 101 e 102.
Miguel Moreira
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