sábado, 18 de novembro de 2017

A ESTRADA POMBALINA NA LITERATURA (II)

“O MINHO PITTORESCO”

José Augusto Vieira, na sua viagem pela estrada pombalina, não esquece a economia da região:

“...Depois de havermos descansado em Amarante, tendo n’este ensejo ocasião de alugar cavalos que nos levassem à serra da Aboboreira e d’ahi ao concelho de Baião, partimos de madrugada, sendo-nos obsequioso guia e companheiro amável para essa excursão à Aboboreira, Sebastião Nogueira Soares, amigo a quem devo a correcção de muitas inexactidões que a princípio enxameavam por este capítulo.


Fábrica de Lanifícios de Padronelo

Breve nos amanheceu em Padronello ou Padornello, e posto não fosse ainda manhã nada, tivemos ocasião de apreciar a actividade industrial d’esta laboriosa povoação, que se muito deve à Fábrica de Lanifícios que veio aqui instalar-se em 1859, aproveitando a àgua do rio Ovelha como força motriz.

Paço de D. Loba em finais do séc. XIX
À freguezia pertence o lugar da Torre, onde existe a ruína de uma, que foi casa solarenga de D. Loba Mendes, filha de Mem de Gondar (...). Era senhora rica e piedosa e deixou muitas rendas ao convento de S. Gonçalo de Amarante.
Neste contar da lenda (de Dona Loba) fomos atravessando Padronello, e o assombrado lugar do Cavalinho, de Gondar, onde fazem duas importantes feiras de gado, a 12 e a 28 de cada mez. À mesma freguesia pertence o lugar de Villa Secca ou Panelleiros, assim chamado por causa da profissão dos seus moradores, que se entregam aos trabalhos de olaria grosseira. Como prova lá se via o respirar das soengas ou fornos, espalhando o fumo pelas quebradas tristes do lugar.”
Sobre a esquerda, em um plató afastado, vê-se a importante casa da Barroca, pertencente à família Cunha Brochado.” (pp. 432-433).

Feira do Cavalinho (foto de Eduardo Teixeira Pinto)

Vieira, José Augusto, "O MINHO PITTORESCO", Livraria de António Maria Pereira, Lisboa, 1887.

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