A relevância que
as peregrinações a Santiago de Compostela assumiram no contexto europeu e, de
modo especial, na Península Ibérica, fez com que ao longo dos “caminhos”
surgissem inúmeras igrejas e capelas dedicadas ao culto a S. Tiago.
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S. Tiago - Lufrei, Amarante |
Dito isto, não é
de estranhar que Amarante surja como ponto de passagem quase obrigatória dos
peregrinos que, oriundos do Alto Douro e das Beiras, se dirigiam a Santiago de
Compostela. Aliás, as peregrinações a S. Gonçalo e a Santiago têem muito de
comum. Neste contexto, a existência, em Amarante, de duas Albergarias,
construídas no séc. XII, uma na margem direita (rua da Ordem?) e outra na
margem esquerda do rio (Albergaria do Covêlo), indiciam o crescente aumento de
peregrinos e a necessidade de lhes conceder o devido apoio.
Voltando ao tema
desta publicação, a existência em Lufrei de uma pequena capela dedicada a S.
Tiago insere-se no âmbito do desenvolvimento do culto ao santo do mesmo nome.
Recorde-se que a “estrada” que ligava Amarante a Trás-os-Montes passava por
este lugar, a caminho do Marancinho e Ovelha do Marão. A capela de S. Tiago,
existente na Igreja de S. Gonçalo de Amarante, insere-se, igualmente, neste
contexto.
Quanto à capela
de S. Tiago, em Lufrei, ela não vem referida nas Memórias Paroquiais, de 1758,
mas Francisco Xavier da Serra Craesbeeck, em “Memórias Ressuscitadas de Entre
Douro e Minho”, 1726, refere o seguinte: “Tem esta igreja (Lufrei) 4 capellas
filliaes, a saber: São Salvador do Monte...; São Miguel o Anjo ...; Nossa
Senhora dos Praseres...; São Tiago, no lugar deste Sancto: capellinha pequena,
que desce por escadas para baixo” (1). Esta é, aliás, uma das poucas
referências escritas sobre o assunto. Da capela não restam quaisquer vestígios
a não ser a imagem do santo que se conserva na atual Igreja Paroquial. No
local, entretanto, foram construídas umas “alminhas”, datadas de 1842.
(1)- Craesbeeck,
Francisco Xavier da Serra, “Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro
e Minho”, vol. II, pág. 59.
Miguel Moreira